Aerossóis automotivos
Todos os países em desenvolvimento têm fortes segmentos de aerossol automotriz, e isso se deve principalmente a um fator: ao contrário dos Estados Unidos, Europa e outros países desenvolvidos, nos países em desenvolvimento, há muitos carros velhos circulando. Os milhões de carros novos na América Latina liberam um grande número de carros usados, que são comprados por usuários com orçamentos mais limitados; no entanto, desejam que a sua nova aquisição funcione bem e tenha o melhor aspecto possível.
É difícil obter estatísticas exatas, mas é um segmento de mercado muito considerável. A “Asociación de Productos de Especialidad del Consumidor” (CSPA) possui cifras, embora não correspondam 100% ao setor automotivo. Posteriormente, trataremos mais amplamente dos produtos de uso múltiplo:
Os aerossóis automotivos continuam sendo um pequeno segmento das vendas totais de aerossóis, mas têm crescido continuamente e são aparentemente imunes aos altos e baixos que afetam outros aerossóis.
Embora a maioria dos produtos mencionados acima sejam supostamente automotivos, alguns são para múltiplos usos, tais como:
Mesmo com seus outros usos, é possível constatar que se trata de um mercado significativo, incluindo os EUA, onde a maioria dos automóveis tem menos de dez anos. Esses produtos são muito mais importantes na América Latina, mas a maneira como chegam ao mercado varia. Nos países desenvolvidos, o mercado de “faça você mesmo” existe, mas também existe um grande mercado de profissionais, onde técnicos do setor automotivo, ao perceber que “tempo é dinheiro”, não se importam em gastar com aerossóis, que muitas vezes são mais caros do que as alternativas.
Na América Latina, é mais provável que os técnicos do setor automotivo cuidem do seu dinheiro, mas, com muito mais carros velhos no mercado, o segmento de “faça você mesmo” é realmente grande.
Existem muitos produtos automotivos com alto volume de vendas na América Latina. Alguns dos principais são:
- Líquidos de arrefecimento para ar-condicionado
- Lubrificantes e penetrantes
- Líquido de partida a frio para motor
- Limpadores e condicionadores de couro
- Limpador de freios
- Limpador de carburadores
- Tintas em spray
- Brilho para pneus e painel
- Aromatizador para carros
- Líquidos de arrefecimento para ar-condicionado
Obviamente, os sistemas de ar-condicionado automotivo podem ser reparados e depois ser recarregados com cilindros, mas isso implica carregar um cilindro, o que consome tempo e é difícil de controlar. A lata de aerossol de uma única utilização não desperdiça tempo, é fácil de usar e permite que o dono da loja saiba exatamente quanto cobrar.
E esta é a única maneira como um típico “faça você mesmo” pode recarregar o seu ar-condicionado. Embora existam várias misturas, o fluido mais vendido em latas de aerossol é o R-134a (1.1.1.2 Tetrafluoretano). Quase todos os ares-condicionados automotivos usam este fluido.
Em 2017, o objetivo é mudar o sistema de arrefecimento para carros novos do R 134-a, com alto impacto para o aquecimento global, para o HFO-1234yf, que causa efeitos insignificantes diante deste problema, pelo menos para os automóveis novos em venda nos EUA, Canadá e Europa, e talvez em outros países. A DuPont (Chemours) é quem o comercializa, e nos informou que o produto, que tem baixa inflamabilidade, será sintetizado na China.
É discutível se os fluidos para ar-condicionado R-134a são realmente aerossóis, porque o seu fechamento é com rosca, em vez de com válvula, mas as latas são de aerossol, e os lacres são comercializados pelas companhias de válvulas de aerossol. As latas deveriam ser de alumínio de alta pressão ou, melhor ainda, de duas peças de aço com uma válvula de alívio de pressão, como as feitas pela ITW Sexton.
Lubrificantes e penetrantes (solta tudo)
Os lubrificantes e penetrantes (solta tudo) são de longe os mais vendidos na América Latina. Existem tantos tipos que é difícil generalizá-los. Geralmente a “vantagem do aerossol” em comparação com outras apresentações é que é possível aplicar a “quantidade exata” no “lugar exato”.
Um lubrificante genérico deste tipo pode conter:
- 5% de componente ativo para o deslocamento de água, ceras, fragrância opcional, etc.
- 65% de solvente hidrocarboneto ou petróleo – TOC detonante a 40º C.
- 30% de propano/butano.
Caso desejado, o CO2 pode ser substituído por 20% de A-46 (mistura de propano e isobutano), mas raramente o curto-circuito que a lata produz em baterias de automóveis, etc. pode produzir buracos através do corpo de latão e gerar longos jatos de destilados em chamas. O CO2 produz um jato espesso, mas a maioria dos usuários adiciona um tubo de extensão ao ativador para ter uma aplicação altamente dirigida. Isso elimina a aparência espessa.
Enquanto a fórmula mencionada também é um excelente penetrante, ideal para lubrificar e remover porcas e parafusos oxidados, existem muitos produtos puramente penetrantes. São feitos à base de Isopars C-10 de Exxon, alguns silicones, destilados de petróleo com pequenas quantidades de surfactantes fluorados, que reduzem enormemente a tensão interfacial da superfície, entre outras substâncias.
Embora tenha sido proibido recentemente nos EUA, o tricloroetileno (HCCIC=CCI2) é um diluente ideal. O propelente é normalmente 18% de A-55 (propano e isobutano). Isso gera um “jato para superfícies” que também pode ser aplicado com um tubo de extensão, se desejado. Estes pequenos tubos capilares medem cerca de 100mm e se ajustam facilmente a propulsores especiais. Quando não estão em uso, podem ser colocados de uma maneira conveniente em tampas plásticas de 33.0 mm. o.d.PP de boa qualidade, tais como as 42-6001A produzidas pela Berry Plastics.
Fluido de partida a frio para motores
Vendido em todos os lugares da América Latina, o fluido de partida a frio para motores é apenas uma subcategoria muito importante na parte norte do México e em outras regiões montanhosas. Este produto ajuda a dar partida em veículos motorizados – principalmente caminhões – que não ligam imediatamente com gasolina, normalmente, devido ao clima frio, a altitudes altas, ou à combinação de ambos. Trata-se de um produto que normalmente é uma combinação de éter dietílico, mais uma pequena quantidade de óleo, para atrair o éter e não deixar que evapore tão rápido, e um propelente de alta pressão – normalmente cerca de 20% de A-108 (propano) ou 8% de CO2.
O éter dietílico é um líquido extremamente inflamável, volátil e quase inodoro, e muitas fábricas simplesmente consideram que é perigoso demais para usarem na sua produção. Há trinta anos, explodiu e queimou uma fábrica embaladora em Scarsborough, Ontário, Canadá. Depois o nome “éter” se tornou algo tão oneroso no Canadá que foi substituído por “óxido”. Por razões semelhantes, o éter dietílico é frequentemente chamado de “metoxietano” no Reino Unido.
Quando os carros ou caminhões falham na hora de dar a partida, geralmente é porque os cilindros superiores estão encharcados de gasolina acima do Limite Superior Explosivo (UEL–Upper Explosive Limit) em cerca de 6,1% de volume no ar. Essas misturas não vão queimar nem explodir. O éter dietílico tem um UEL de 48% de volume no ar. Também é mais volátil do que as gasolinas ou os fluídos de diesel, um benefício maior em climas frios. Ao adicionar éter dietílico na área superior dos cilindros, o UEL aumenta consideravelmente, e a máquina dará partida.
Automóveis e caminhões novos raramente precisam deste produto. Dezenas de milhões de veículos novos são vendidos na América Latina todos os anos; no entanto, um grande número de carros usados continuam nas nossas ruas. Frequentemente, têm motores questionáveis e podem ter uma manutenção precária. Estes automóveis são os objetivos principais dos produtos de aerossol para a partida instantânea do motor.
Limpador/condicionador de couros
O condicionador de sabão sólido para couro e o seu equivalente líquido têm problemas de aplicação não uniforme. Existem rachaduras nos assentos do carro que o produto simplesmente não cobre. O produto em aerossol é aplicado uniformemente em todos os lugares. Consequentemente, é um segmento pequeno, mas em pleno crescimento.
Limpador de freios
O limpador de freios é usado principalmente por mecânicos e técnicos de serviço, e as fórmulas latino- americanas são basicamente misturas não inflamáveis de tricloroetileno e tetracloroetileno, pressurizados com cerca de 4% de CO2.
Depois de quase cem anos de uso seguro, recentemente, alguns países proibiram estes importantes solventes usados em spray, baseando-se em relatórios toxicológicos questionáveis. Teoricamente, cerca de 12% de A- 85 ou propano A-108 podem ser usados para substituir o propelente de CO2, mas isso tornaria a fórmula e as superfícies dos freios extremamente inflamáveis, constituindo um risco para os técnicos do setor automotivo, o que pode ser inaceitável para os comerciantes.
Limpador de carburadores
Nenhum aerossol automotivo tem tantas variações
na sua fórmula quanto os limpadores de carburador. Praticamente qualquer mistura ou solvente forte é usado atualmente. Normalmente incluem acetona, diacetona álcool, tricloroetileno, cloreto de metileno e uma mistura de 20% de M-Pyrol (N-metil-pirrolidona) e 80% de n-Butilamina.
Se o motor estiver em funcionamento durante o processo de limpeza, o escapamento deve ser anexado a um tubo de ventilação, ou o serviço deve ser realizado em um espaço aberto. As camadas que se aderem ao carburador são muito difíceis de serem dissolvidas. Deixar de molho até o dia seguinte pode ser um primeiro passo muito útil. Enquanto o CO2 é preferido devido à sua baixa inflamabilidade, algumas fórmulas usam cerca de 12% de A-85 ou 10% de propano A-108.
Algumas fórmulas usam um pouco de percloroetileno, que produz uma fumaça perceptível no escapamento quando o motor é acelerado durante o processo de limpeza.
Tintas em spray
A tinta em spray ainda não é considerada um produto automotivo nos países desenvolvidos, mas na América Latina existe um grande mercado para a reconstrução de motores, e os técnicos chegaram à conclusão de que podem cobrar mais se pintarem de novo o motor com tinta resistente a altas temperaturas, em vez de entregá-lo reparado, mas sujo e cheio de graxa. Pintar de novo os aros danificados das rodas também é um mercado considerável.
Brilho para o painel
O brilho para o painel é um produto de silicone fluido – normalmente 5-10% de centistokes de propano/butano; possivelmente com um pouco (2-3-4%) de um solvente que não seja muito reativo e inclusive um pouco de perfume. Pulveriza-se e depois se limpa com um pano macio, deixando o painel “brilhando como novo”.
Brilho para pneus
Os brilhos para pneus são formulados com uma emulsão de baixa espuma que contém 3% de P(VP/VA) e de 3% a 4% de 60% de sólidos em uma emulsão Fluida de Silicone de 250 centistokes. O silicone preenche os poros pequenos dos pneus de borracha, provocados pelo ozônio e a flexibilidade dos pneus, transformando vários tons de cinza opaco em preto brilhante. O P(VP/VA) forma uma camada de plástico sobre o silicone, promovendo uma evaporação lenta.
O ideal seria que o pneu estivesse relativamente limpo antes da aplicação do aerossol, mas os emulsionantes no produto agem para dispersar qualquer sujeira residual e drená-la para que a película possa se formar sobre uma superfície de borracha limpa e de alguma forma absorvente. Cerca de 4,5% do propano A-46 e propelente isobutano completa a fórmula à base de água.
Resumo
Os aerossóis automotivos continuam sendo um pequeno segmento das vendas totais de aerossóis, mas têm crescido continuamente e são aparentemente imunes aos altos e baixos que afetam outros aerossóis. Aqui abordamos apenas alguns dos aerossóis automotivos mais comuns entre dezenas altamente especializados que existem no mercado.
Sem dúvida, 2016 trará mais novos produtos para a categoria de aerossol automotivo.
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Pelo dr. Montfort A. Johnsen e Geno Nardini